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Solução para a Covid? Planta brasileira pode impedir infecção em até 95%

Pesquisadores do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Cariri (CCAB/UFCA), no Ceará, descobriram que moléculas obtidas em plantas encontradas na Chapada do Araripe podem inibir a infecção por diferentes variantes do vírus Sars-Cov-2, causador da Covid-19. De acordo com os resultados do estudo, as moléculas das plantas foram capazes de inibir em até 95% a infeção das variantes Omicron, Gama e Wuhan-Hu-1.

O resultado da pesquisa foi publicado neste mês na revista Viruses, periódico internacional especializado em estudos virais. As espécies estudadas foram a Canavalia brasiliensis, conhecida popularmente como feijão bravo, e a Dioclea violacea, conhecida como mucunã.

“Diferente de outros fármacos utilizados em estudos mais avançados, os nossos resultados mostraram que as moléculas das plantas foram capazes de se ligar a moléculas de açúcares contidos no vírus, e assim, impedir que o Sars-CoV-2 possa se ligar às células e infectá-las. Esses resultados podem abrir caminhos para uma nova abordagem de fármacos com potencial antiviral para Covid-19”, ressalta o professor e pesquisador da UFCA Claudener Teixeira, um dos responsáveis pelos testes no Laboratório de Biologia Estrutural e Molecular, ao lado do estudante de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Bioquímica da Universidade Federal do Ceará (UFC), Romério Silva.

Antivirais

Foram realizados ainda ensaios antivirais, liderados pela professora e pesquisadora Ana Carolina Gomes Jardim, do Laboratório de Pesquisa Antiviral, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICBIM), da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), ao lado da estudante de doutorado, Victória Riquena Grosche.

Com o resultado encontrado, Victória Riquena levará os estudos sobre essas moléculas para a Universidade de Leeds, na Inglaterra. Os próximos passos da pesquisa serão avaliar mecanismos antivirais in vitro (realizados fora de um organismo vivo) e, em seguida, iniciar a fase de testes em animais.

O  estudo contou ainda com pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual Paulista (Unesp), da Universidade Ceuma (São Luís – MA), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb).

Uso sem acompanhamento pode causar intoxicação

Apesar dos resultados positivos, é preciso cautela. O professor Claudener Teixeira alerta que o uso das espécies em estudo não é recomendado para o tratamento de infecções virais ou de qualquer outra doença. A pesquisa desenvolvida, conforme explicou o pesquisador, foi conduzida com moléculas isoladas em laboratório por uma equipe especializada.

“O uso das plantas nos tratamentos de doenças, sem acompanhamento ou recomendação médica, pode ocasionar intoxicação por outras substâncias que a planta pode conter”, ressalta.

Patente

Segundo o professor, a substância já é estudada pelo grupo de pesquisa há sete anos. O pesquisador informou ainda que o grupo que publicou o artigo científico tem interesse em patentear os resultados, submetendo um processo de patente ao Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI).

“Trabalhar com covid é um estudo que precisa ser rapidamente publicado, porque a todo momento a comunidade científica está buscando informações sobre essa doença. Nós optamos, antes de fazer a patente, já submeter o artigo e publicar, mas, paralelo a isso, já estamos discutindo as questões das patentes”, explicou.