Diante do agravamento da crise da segurança pública no estado do Rio de Janeiro, o prefeito da capital, Eduardo Paes (PSD) afirmou, nesta quarta-feira (25), que é contra intervenção federal no estado, a exemplo do que ocorreu em 2018. Paes defendeu ainda que é a favor que a Polícia Federal assuma o protagonismo no trabalho de segurança pública.
“Não acho que exista necessidade para intervenção federal. Acho que há necessidade para muita parceria. O governo federal precisa oferecer a parceria, e na minha opinião, essencialmente uma parceria com as forças da Polícia Federal, muita inteligência, muito controle sobre agentes públicos, políticos e policiais que tem desvio de conduta. E eu acho que a Polícia Federal pode ajudar nisso”, declarou a jornalistas no Palácio do Planalto, após participar da cerimônia de instalação do Conselho da Federação.
A morte de um miliciano provocou um dia de terror na Zona Oeste do Rio na tarde da última segunda-feira (23). Ao menos 35 ônibus e um trem urbano foram queimados. Os mandantes seriam criminosos da região. A sequência de ataques é considerada como o dia com mais coletivos incendiados na história da cidade do Rio de Janeiro.
O prefeito disse ainda que apenas ajuda das Forças Armadas em portos e aeroportos para combater o crime organizado não será suficiente. “Eu sou a favor, mas não é suficiente. Eu que acho que a gente precisa das forças federais, principalmente a Polícia Federal assumindo o papel de protagonismo na política de segurança pública do Rio de Janeiro. As vezes isso já está acontecendo, e eu não esteja sabendo".
O pedido para que Marinha e Aeronáutica reforce a vigilância nessas áreas foi um pedido do governador do estado, Cláudio Castro (PL), ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Petista anunciou que vai acatar a medida, ainda assim, o formato de como isso vai ocorrer segue está sendo costurado pelos ministérios da Defesa e da Justiça e Segurança Pública.
Paes procurou medir as palavras, mas avaliou que sempre foi contra a extinção da Secretaria Estadual de Segurança Pública do Rio de Janeiro. Eduardo Paes voltou a pontuar que a prefeitura tem um papel limitado no campo da segurança pública. Ainda assim, destacou que o município tem atuado para atingir a atividade econômica do crime organizado e das milícias. “Semana passada, nós atingimos 3 mil construções demolidas, um prejuízo calculado de cerca de R$ 500 milhões (ao crime organizado), numa parceria com o Ministério Público estadual”.
O governador do Rio de Janeiro está em Brasília para uma série de reuniões com ministros do governo Lula. Ele deve se encontrar ainda nesta tarde com Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública) e José Múcio Monteiro (Defesa).
Existia a expectativa que Castro se encontrasse com o presidente Lula no Palácio do Planalto durante a cerimônia de instalação do Conselho da Federação. Mas, segundo a assessoria de imprensa do governador do Rio, ele teve um imprevisto com o voo e, por isso, não chegou a tempo.