A Petrobras assina entre hoje, 28, e amanhã, 29, com a Vale um memorando de entendimento para desenvolver negócios conjuntos. Segundo o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, o acordo será amplo para avaliações em vários setores, como hidrogênio, logística, combustível para trens, entre outros.
“A Vale é um grande interessado na produção de hidrogênio, tem algumas atividades em transição energética que são interessantes, ela tem participações em algumas áreas de geração de energia. Então o que a gente vai começar a fazer é tentar entender o que o outro tem. Nós temos combustível para ferrovias, eles têm a logística e podem querer investir em eólica offshore”, disse Prates, após evento com atletas olímpicos patrocinados pela estatal.
Ele informou que será formada uma equipe conjunta para avaliar as possibilidades entre as duas companhias. “Podemos analisar fertilizantes também, mas não agora. Queremos que as parcerias comecem este ano ou ano que vem”, explicou.
De olho no futuro
Prates disse que a companhia chega aos seus 70 anos “de olho no futuro”, e reafirmou a intenção da estatal de desenvolver novos negócios no âmbito da energia renovável, com foco em eólica offshore, hidrogênio e combustíveis renováveis. “Não estamos longe de ter uma realidade de eólica offshore e hidrogênio”, comentou.
Ele destacou a falta de regulação, que ainda trava os esforços da companhia.
Prates confirmou que o próximo Plano Estratégico da companhia, para o período 2024-2028 vai ter entre 6% e 15% do capex (investimento) direcionado à descarbonização. “E está mais para 15% do que para 6%”, disse o executivo.
Ele destacou os novos negócios que a empresa pretende desenvolver, com destaque para a energia eólica offshore, que poderá atingir 23 gigawatts (GW), se todos os projetos inscritos pela empresa para avaliação no Ibama saírem do papel.
“Nosso objetivo é deslanchar energias renováveis no País, a captura de carbono e até hidrogênio e outras fontes”, disse Prates.
Em seguida, ele listou os esforços da companhia para abrir as novas frentes, como o acordo com a WEG para produzir um aerogerador nacional para terra, mas que, pelo tamanho, “indica o caminho” para a geração offshore.
Prates citou, ainda, os esforços da Petrobras na medição de ventos no Espírito Santo, Ceará e Rio Grande do Norte, além da inscrição de projetos com capacidade total de 23 GW e parcerias gestadas com outras petroleiras multinacionais, como Equinor e Total. “Queremos fazer todos esses investimentos com parceiros, estatais ou privados, mas a altura da Petrobras”, disse.
“Vamos para eólica offshore, que tem estruturas gigantes e complexas. Mas que, para nós, é ‘Playmobil’, muito mais simples”, afirmou, ao comparar a atividade com a produção de petróleo e sua mobilização de esforços, sobretudo em águas profundas e ultraprofundas.
Na frente de combustíveis renováveis, ou seja, com processador com óleo vegetal ou 100% produzidos por meio deles, Prates disse que até o fim desse ano mais quatro refinarias terão essa produção, entre as quais estão as unidades de Paulínia (SP), Duque de Caxias (RJ) e Cubatão (SP). Em 2024, disse, os combustíveis renováveis vão chegar à Rnest, unidade de Pernambuco.
Regulação
Prates citou a premência dos marcos regulatórios de eólica offshore e hidrogênio, que ainda não existem, mas estaria avançando no Congresso e dentro de agências reguladoras.
Segundo Prates, a legislação para a eólica offshore vai se aproximar da utilizada para petróleo, com pagamento de bônus por prismas marítimos, enquanto a do hidrogênio pode ter afinidades com o regramento atual do gás natural, também sob a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).