Brazil
This article was added by the user . TheWorldNews is not responsible for the content of the platform.

O morde e assopra do governo Lula com setores da esquerda

Depois de quase um semestre de governo, o terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem sendo de consenso e atrito com setores da esquerda que o ajudaram a vencer a eleição em 2022.

Os atritos acontecem tanto dentro do próprio PT quanto com aliados à esquerda, como PSOL e Rede, que apesar de contarem com ministérios no novo governo, vêm divergindo em pontos importantes.

+País ter novo marco fiscal é passo fundamental para a economia, diz presidente da Febraban

Aumento do salário mínimo 

Um dos principais setores onde o governo precisa mostrar resultado em um curto espaço de tempo é na economia. O governo precisou correr contra o tempo para aprovar a chamada PEC da transição, onde precisou aumentar R$145 bilhões no teto de gastos após o rombo deixado pelo governo Jair Bolsonaro (PL). 

O aumento do salário mínimo para R$1.320 foi uma decisão onde os setores mais à esquerda do governo, incluindo as centrais sindicais, saíram vencedores. 

Reoneração do combustível 

Visto como hortodoxo por uma grande parte do PT, o ministro da Fazenda Fernando Haddad precisou se explicar ao partido diversas vezes. Uma das polêmicas públicas com a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, foi sobre a reoneração da gasolina, vista com bons olhos pelo mercado, mas que não agradou o partido. 

 “Não somos contra taxar combustíveis, mas fazer isso agora é penalizar o consumidor, gerar mais inflação e descumprir compromisso de campanha”, afirmou Hoffmann na época. A posição de Haddad acabou se fazendo valer. 

Arcabouço fiscal 

Um dos projetos mais importantes do governo Lula III é o arcabouço fiscal, que vai substituir o antigo teto de gastos para estipular as regras fiscais que o governo vai precisar cumprir. 

O projeto de lei foi aprovado na noite da terça-feira (23) por 372 votos favoráveis contra 108 contrários. Somente três partidos orientaram a sua base para votar de forma contrária à proposta: PL, Novo e PSOL. Os dois últimos votaram 100% contra as novas regras. 

“O Novo Teto de Gastos foi aprovado na Câmara. O PSOL votou contra a austeridade fiscal e os retrocessos para os direitos sociais. Perdemos uma votação, mas a luta por corações e mentes contra a austeridade fiscal e a mercantilização da vida ainda está começando. E vamos vencer”, tuitou o economista e assessor econômico do PSOL na Câmara dos Deputados David Deccache.

Nos bastidores, há um rumor de que a votação unânime contra as novas regras pode atrapalhar o apoio do PT a Guilherme Boulos (PSOL-SP) para a prefeitura de São Paulo em 2024. Em entrevista à Globonews, Gleisi Hoffmann afirmou que o partido segue comprometido com o líder do MTST para a eleição do ano que vem.    

Fim da Paridade de Preços de Importação da Petrobras 

Demanda antiga dos setores de esquerda e das centrais sindicais, a Petrobras colocou fim à Paridade de Preços de Importação dos combustíveis adotada em 2016.  

Acusada de elevar a inflação no país, a política adotava preços praticados internacionalmente para precificar o diesel e a gasolina dentro do país. O fim dessa política, anunciado no dia 16, foi celebrado pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) e por políticos de esquerda como Guilherme Boulos e Orlando Silva (PC do B – SP). 

Exploração de petróleo na foz do Amazonas 

A mais nova encrenca do governo com setores da esquerda é com a exploração de petróleo pela Petrobras na foz do rio Amazonas. O estudo da estatal foi negado pelo Ibama e gerou diversas reações. 

Até mesmo dentro da Rede, base de apoio do governo, houve reações diversas. Enquanto a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas Marina Silva defendeu a decisão da autarquia, o senador Randolfe Rodrigues (AP) se posicionou favorável ao projeto. No mesmo dia ele anunciou a desfiliação do partido.  

Em seu twitter, o presidente Lula defendeu o projeto afirmando que as pessoas da Amazônia têm o direito de trabalhar e comer. “Por isso, precisamos ter o direito de explorar a diversidade da Amazônia, para gerar empregos limpos, para que a Amazônia e a humanidade possam sobreviver”, disse.   

Siga a Istoé no Google News e receba alertas sobre as principais notícias