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Marfrig e investidor árabe da Minerva farão aporte de R$ 4,5 bilhões n

A BRF vai receber um aporte de R$ 4,5 bilhões, fruto de uma parceria entre a Saudi Agricultural and Livestock Investment Company (Salic), fundo soberano do reino da Arábia Saudita, e a Marfrig, comandada pelo empresário Marcos Molina. A BRF informou nesta quarta-feira, 31, que teve o aval do conselho de administração para uma oferta primária de 500 milhões de novos papéis a um preço de R$ 9 por ação. Pela transação, a Salic e a Marfrig têm compromisso de subscrição de metade da oferta cada uma.

As ações da BRF dispararam 11,83% e fecharam o pregão da B3, a Bolsa de Valores brasileira, em R$ 8,13, enquanto as da Marfrig saltaram 6,24%. O Citi está assessorando a Salic, e o JPMorgan, a Marfrig.

A Salic ficará com uma fatia de 16% na BRF, enquanto a Marfrig elevará sua participação na dona das marcas Sadia e Perdigão dos atuais 33% para 38,7%.

Molina, fundador e presidente do conselho de administração da Marfrig, fez movimentos financeiros nos últimos dois anos para chegar a uma participação relevante na BRF. Agora, atraiu um dos cinco maiores importadores de carne de frango nacional para dentro da BRF.

Em contrapartida, ficará limitado a realizar uma fusão com a BRF ou chegar ao seu controle. A Salic é também o maior acionista da Minerva Foods, produtora de proteína bovina, com uma fatia de 30,55%.

Segundo agentes do mercado com informações sobre as negociações, o acordo entre Salic e Minerva prevê que o fundo saudita não pode ingressar no mercado de bovinos sem prévia autorização de Minerva, portanto, impede uma fusão das operações da BRF com Marfrig. Dessa forma, a Marfrig fica impedida de chegar ao controle da BRF.

Alguns analistas de mercado entendem que a transação é, do ponto de vista financeiro, mais positiva para a BRF do que para a Marfrig, que já está bastante alavancada. “Impulsiona a BRF, pois pode capitalizar a empresa num momento crítico em que ela se encontra”, afirma o sócio da Criteria Investimentos Rodrigo Brolo.

Ações

A Marfrig deve fazer um aumento de capital privado para financiar o custo de tal injeção, conforme comunicado feito ao mercado pela BRF. Na operação, que ocorrerá futuramente, haverá emissão de, no mínimo, 240 milhões de novas ações e, no máximo, 360 milhões de novos papéis ao preço de R$ 6,25 por ação. A MMS Participações, controlada por Molina e que detém a maioria das ações da Marfrig, tem compromisso de subscrever a oferta.

Tanto Salic quanto a Marfrig estão comprando ações da BRF a um preço bem mais baixo em relação a transações anteriores de aumento de capital feitas pela companhia. Molina chegou a pagar pouco mais de R$ 23 por ação da BRF para avançar na empresa. A BRF captou R$ 5,4 bilhões no ano passado por meio de uma oferta subsequente de ações.

Prejuízo

A fatia de mais de 30% de Molina na BRF foi um dos fatores que afetaram o resultado dos três primeiros meses do ano da Marfrig. A companhia encerrou o primeiro trimestre com prejuízo líquido de R$ 634 milhões, revertendo lucro líquido de R$ 109 milhões em igual período de 2022. A alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado, passou de 1,36 vez no primeiro trimestre de 2022 para 3,5 vezes no primeiro trimestre deste ano, em reais.

A BRF, por sua vez, fechou o primeiro trimestre de 2023 com prejuízo líquido de R$ 1,024 bilhão. A alavancagem líquida passou de 2,76 vezes no primeiro trimestre de 2022 para 3,35 vezes nos três primeiros meses de 2023. A dívida líquida aumentou 21,5% na comparação entre os trimestres, chegando a R$ 15,3 bilhões no primeiro trimestre de 2023.

Num esforço para reduzir o endividamento, a empresa colocou à venda a divisão pet e ainda informou ao mercado em teleconferências que estuda a venda de mais ativos.

Ao comentar os números com o mercado, Molina disse que a Marfrig não se arrepende e está satisfeita com o investimento na BRF. “Acho que tem um cenário de futuro das duas empresas trabalhando juntas. O investimento da Marfrig (na BRF) sem dúvida foi estratégico, de longo prazo e vai agregar valor para ambas as companhias”, disse.

Avaliação

Em relatório, o Santander considerou a transação positiva para a BRF, “pois deve responder parcialmente às nossas preocupações em relação à estrutura de capital atual da empresa e deverá ser neutra para Marfrig, pois não deve influenciar nas métricas de alavancagem”. Segundo o banco, caso a negociação prospere, a economia de custos é estimada em R$ 500 milhões por ano em despesas financeiras, o que poderia permitir à BRF gerar fluxo de caixa positivo em 2024. “Para BRF e Marfrig notamos um efeito limitado, dado que um potencial aumento de capital poderia compensar a saída de caixa relacionada à injeção de ações na BRF”, explicou o banco. (COLABOROU GABRIELA BRUMATTI)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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