

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou nesta quinta-feira (25) das comemorações do Dia da Indústria promovida pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na capital paulista, com discurso contundente, irônico e soberano.
O presidente defendeu, por exemplo, a intermediação para que o Banco dos Brics dê suporte à crise financeira vivida pela Argentina, grande parceiro comercial e importador de produtos brasileiros. “Mais do que querer ajudar a Argentina, a gente quer ajudar os exportadores brasileiros que exportam para a Argentina”, explicou o presidente.
Além do socorro ao país vizinho, o auxílio aos hermanos tem o objetivo de manter participação no mercado. “Esse é um dado concreto: a China colocou US$$ 30 bilhões à disposição da Argentina para que a Argentina possa comprar os seus produtos. E não adianta reclamar para mim que está comprando o produto chinês e não o nosso. Nós precisamos saber o que vamos fazer para dar garantia aos nossos exportadores”, afirmou o presidente.
Política e economia
Mais uma vez, Lula usou seu espaço para fazer críticas públicas ao Banco Central. “O mercado financeiro tomou conta no lugar da indústria. É uma excrescência a taxa de juros ser 13,75%”, pontuou o presidente.
O chefe do Executivo alegou ainda que além de a atual Selic ser uma certidão de óbito para empresários que recorrem a empréstimos, também serviu de impeditivo para que a indústria automobilística crescesse em 2022. “60% dos carros vendidos ano passado foram vendidos à vista, porque não tem política de crédito para financiar.”
O primeiro momento em que Lula ressaltou a soberania do País foi na defesa de uma política industrial “ativa e altiva”, como diria o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Celso Amorim.
Para voltar a crescer, a indústria deve levar em conta os avanços tecnológios, a transição energética, e “ter trabalhadores fortes, ganhando um salário justo e que seja consumidor das coisas que ele produz”, na avaliação do presidente.
Acordos internacionais
Lula adiantou também que, em breve, o Mercosul e a União Europeia devem discutir acordos comerciais. Porém, o presidente brasileiro não está disposto a acatar exigências estrangeiras em detrimento dos produtores locais.
“Não vamos ceder as compras governamentais, porque vamos matar a possibilidade de crescimento da pequena e média empresa brasileira. As compras governamentais são um instrumento de política industrial que não vamos abrir mão. Vamos demorar um pouco mais para fazer o acordo, tudo bem. Mas da mesma forma que a França defende os seus produtos, nós vamos proteger a pequena indústria nessa negociação”, concluiu.
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