do Brasil de Fato
G20 divulga declaração final mirando desenvolvimento sustentável sem citar ações concretas
por Vinicius Konchinski, Curitiba (PR)
Os líderes dos países do G20 reafirmaram, em declaração conjunta divulgada neste sábado (9), a necessidade do mundo buscar formas mais sustentáveis de desenvolvimento econômico. O grupo comprometeu-se “com ações concretas” sobre o assunto no documento final da cúpula realizada em Deli, na Índia, mas não citou, porém, quais serão as ações.
“Encontramo-nos num momento decisivo da história em que as decisões que tomamos agora determinarão o futuro do nosso povo e do nosso planeta. É com a filosofia de viver em harmonia com o ecossistema envolvente que nos comprometemos com ações concretas para enfrentar os desafios globais”, aponta a declaração, que tem 76 tópicos, mas que foi considerada vaga por especialistas em Relações Internacionais.
Houve consenso de que as emissões globais de gases do efeito estufa continuam a aumentar, com alterações climáticas, perda de biodiversidade, poluição, seca, degradação dos solos e desertificação, ameaçando vidas e meios de subsistência. “Desafios globais como a pobreza e a desigualdade, as alterações climáticas, as pandemias e os conflitos afetam desproporcionalmente as mulheres e as crianças”.
Um entendimento presente no texto é que nenhum país deveria ter de escolher “entre combater a pobreza e lutar pelo planeta”. Os países se comprometem a encontrar “modelos de desenvolvimento que implementem transições sustentáveis, inclusivas e justas a nível mundial, sem deixar ninguém para trás”.
Consta, inclusive, na declaração, um compromisso de apoiar os trabalhadores migrantes e os refugiados “garantindo o pleno respeito pelos direitos humanos e pelas suas liberdades fundamentais, independentemente do seu estatuto migratório”.
Guerra
Em relação aos conflitos, os líderes manifestaram “profunda preocupação com o imenso sofrimento humano e o impacto adverso das guerras e conflitos em todo o mundo”.
Ao mencionar a guerra na Ucrânia, os líderes concordaram em assinar que “todos os Estados devem abster-se da ameaça do uso da força ou procurar a aquisição territorial contra a integridade territorial e a soberania ou a independência política de qualquer Estado”. O G20 não cita a Rússia, especificamente, no documento, mas condenam a ameaça de uso de armas nucleares.
Para Denilde Holzhacker, professora do curso de Relações Internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), a inclusão do tema guerra foi importante, já que não se sabia se membros da cúpula conseguiriam chegar a um acordo sobre o assunto. “Havia dúvidas se isso entraria no documento”, explicou.
Segundo Denilde, por conta das dúvidas e impasses envolvidos nessa cúpula do G20, a declaração final do encontro ficou “genérica”. “A Índia conseguiu, ao final, ter um documento que fosse aceitável por todos os países. Mas isso fez com que o documento ficasse muito vago, com declarações muito abrangentes, que claramente mostram a dificuldade de conseguir avançar em pontos mais específicos”, afirmou.
Combate à fome
Em seu discurso no G20, Lula falou da desigualdade social e sobre a necessidade de combatê-la. Anunciou, inclusive, a criação de uma aliança global de combate à fome, que será lançada enquanto o Brasil estiver presidindo o grupo.
“É urgente resgatar o espírito de solidariedade que anima os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, para formularmos respostas conjuntas aos desafios econômicos do nosso tempo. Lançaremos, em nossa presidência do G20, uma Aliança Global contra a Fome. Esperamos contar com o apoio e o engajamento de todos os países membros para construirmos um mundo cada vez menos desigual e mais fraternos”, afirmou.
O Brasil assume a presidência do G20 em 1º de dezembro para um mandato de 12 meses.
Os países membros do G20 representam cerca de 85% do Produto Interno Bruto (PIB) global, mais de 75% do comércio global e cerca de dois terços da população mundial.
São membros do grupo Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, República da Coreia, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Turquia, Reino Unido, EUA e União Europeia (UE).
Durante a cúpula de Deli, a União Africana aderiu ao G20.
*Com informações da Agência Brasil
Edição: José Eduardo Bernardes
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