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ESG: diversidade e inclusão impulsionam negócios e provocam transformações

Quando uma empresa investe na contratação de mulheres e negros, e escolhe candidatos com diferentes etnias e religiões, ela aumenta a diversidade e a pluralidade de ideias dentro do negócio, mas isso ainda diz pouco sobre a redução das desigualdades. Para que isso aconteça é preciso pensar também inclusão e equidade, por isso, o II Fórum ESG Salvador montou uma mesa para debater esse assunto, nesta quarta-feira (31).

No começo de maio, a indicação do baiano Ailton Aquino dos Santos para a Diretoria de Fiscalização do Banco Central virou notícia. Ele foi a primeira pessoa negra indicada para a alta cúpula da instituição, cuja presidência jamais foi ocupada por um negro ou por uma mulher. Essa ausência de diversidade em espaços de poder é uma realidade comum nas empresas mundo a fora, e também no Brasil.

Durante a mesa ‘ESG Fortalecendo a Inclusão e Diversidade’ os palestrantes destacaram que investidores e consumidores estão cada vez mais em busca de empresas socialmente comprometidas. A coautora do Radar da Antifragilidade, professora da FDC, co-publisher ESG da Fast Company Brasil, SXSW Speaker, e Founder #ESGpraJA, Erlana Castro, explicou que houve uma mudança de entendimento no mundo dos negócios.

“A sociedade sempre demandou que os negócios tenham responsabilidade com o meio ambiente, com as pessoas e com as comunidades. A novidade é que, agora, o capital também quer. A gente vive no âmbito do ESG uma convergência nova e poderosa entre os interesses e prioridades do capital e da sociedade. Isso é novo, porque essas forças sempre pareceram estar em oposição”, explicou.

Ela afirmou que o tripé de governança ambiental, social e corporativa (em inglês ESG) consciente é o presente e também o futuro, que o aspecto econômico, financeiro e o capital estão no centro da discussão, e que o empresário que demorar para se engajar terá prejuízos do ponto de vista estratégico. Castro disse que é preciso repensar os modelos, contou que a diferença entre a remuneração dos grandes gestores e o salário médio dos funcionários é de até 600x, e frisou que empresa não é uma amontado de gente, mas uma comunidade e, por isso, é preocupante quando ela é homogênea.

Equidade
Segundo os especialistas, a equidade é um conceito fundamental nessa discussão, ou seja, a garantia de tratamento diferenciado em igualdade de condições e oportunidades. Na prática, significa dizer que não basta contratar negros e mulheres, é necessário oferecer para eles reais possibilidades de acessão para ocupar espaços de liderança. A diretora de Meio Ambiente, Relacionamento com Comunidades, Comunicação Corporativa e ESG da Bamin, Rosane Santos, fez algumas ponderações.

“Essa é uma agenda necessária, crítica e urgente, mas que ainda não está posta para todos. Enquanto sociedade a gente tem experimentado, infelizmente, casos múltiplos onde a gente vê que a equidade não está estabelecida, que a inclusão muito menos e a diversidade passa longe. Quando colocamos isso em uma lógica ESG, um diagnóstico do cenário, identificamos onde queremos chegar e o caminho para essa entrega concreta”, afirmou.

Por isso, os estudos apontam que é preciso pensar a diversidade e a inclusão para além do setor de Recursos Humanos. A especialista em Diversidade do Grupo CCR, Sálvia Santana, também participou da mesa e frisou que toda a empresa precisa estar engajada na causa. Ela explicou que diversidade, equidade e inclusão atraem novos talentos, diminuem a rotatividade de funcionários e a necessidade de treinamentos, e oferece novas ideias que podem impulsionar o negócio.

“Tem estudos que apontam que as empresas que tem na agenda estratégica o tema diversidade e inclusão são mais produtivas. Uma das pesquisas aponta que 60% dos consumidores querem comprar de empresas comprometidas com essa pauta. Não é uma agenda de boa ação, claro que tem esse propósito e impactos, mas olhar de forma ampla para esse assunto é uma forma de conectar várias agendas e garantir lucratividade”, disse.

Ela citou como exemplo de ações de inclusão e diversidade o apoio ao empreendedorismo negro, iniciativas voltadas para mulheres vítimas de violência doméstica, e formação para jovens em situação de vulnerabilidade social. Outro exemplo é quando o recrutamento ou seleção leva em consideração essas questões, e direcionando o olhar para o local de onde o candidato vem e buscando as potencialidades daquela pessoa. “São ações que causam impacto socioeconômico e de repercussão ampla, para além do RH”, afirmou.

Começar é preciso
As especialistas explicaram que o primeiro passo para tornar uma empresa mais diversa e inclusiva é fazer um diagnóstico do público interno, conhecer quem faz parte do negócio e quais são as demandas. Segundo, é preciso entender que cada agenda dentro da diversidade tem questões e tempos distintos que precisam ser observados com cuidado. E terceiro, identificar as áreas chaves em que precisará atuar, em quais setores da empresa, e isso pode implicar ao empresário fazer perguntas desconfortáveis para si mesmo.

É preciso conversar com quem entende do assunto, observar como outras empresas lidam com essa discussão, os cases de sucesso, e fazer o diálogo com a realidade possível de cada negócio. As novas gerações estão mais atentas a essas mudanças de comportamento, e a reputação das empresas dependem cada vez mais dessa consciência de mercado.  

A diretora de Impacto Positivo, Comunicação Corporativa, Reputação e Cultura Organizacional na Leroy Merlin Brasil, Andressa Borba, explicou que a liderança é parte crucial nesse processo de transformação de cultura.

“É preciso ter estrutura e estratégias, se guiar por dados e informações, e ter pessoas na equipe que queiram fazer parte da transformação também é muito importante. E a partir daí pensar nos clientes e como tornar a experiência deles mais inclusiva”, afirmou. A empresa tem 36% de mulheres em cargos de liderança e 26% de pessoas negras nessa posição.

A mesa do ESG, mediada por Lucas Reis, PhD em Comunicação, CEO da Zygon e Presidente da ABMP, frisou que a área da diversidade não resolve todos os problemas de uma empresa, mas que é muito difícil resolver as questões de desigualdades sociais e de gênero sem pensar a diversidade.

O II Fórum ESG Salvador é um projeto realizado pelo Jornal Correio e Site Alô Alô Bahia com o patrocínio da Acelen, Aliança da Bahia, Ambev, Atlantic Nickel, BAMIN, Bracell, CCR Metrô, Contermas, Deloitte, Grupo Luiz Mendonça - Bravo Caminhões e AuraBrasil, Jacobina Mineração, Leroy Merlin, Moura Dubeux, Sotero Ambiental, Socializa, Suzano e Unipar; apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador, SEBRAE, SENAI CIMATEC e Instituto ACM; apoio do Banco Master, Larco Petróleo, Sabin, Senac e Wilson Sons e parceria do Fera Palace Hotel, Happy Tour, Hiperideal, Luzbel, Multimídia, Ticket Maker, Uranus2, Vini Figueira Gastronomia e Zum Brazil Eventos