O México monopoliza a agenda diplomática dos Estados Unidos, com um Diálogo de Alto Nível nesta sexta-feira (29) em Washington sobre cooperação econômica e outro na próxima semana na capital mexicana sobre segurança. A migração e o tráfico de fentanil estarão presentes em ambos.
Estes diálogos são “o andaime para a cooperação”, ao permitirem avaliar o progresso e promover “prioridades estratégicas” para o próximo ano, explicou uma funcionária do governo dos EUA, que pediu anonimato, em uma coletiva de imprensa por telefone na quinta-feira.
Os dois vizinhos enfrentam desafios, como a concorrência da China e a invasão russa da Ucrânia, em seu objetivo de “fazer da América do Norte a região econômica mais dinâmica, competitiva e próspera do mundo”, acrescentou.
Mas entre os desafios há oportunidades, como energia limpa e a Inteligência Artificial, disse ele.
– Temas espinhosos –
Essas boas intenções esbarram em obstáculos, como a decisão do México de restringir as importações de milho transgênico.
Na quinta-feira, em uma reunião entre a secretária de Economia mexicana, Alicia Buenrostro, e a representante comercial dos EUA, Katherine Tai, outro tema delicado foi abordado: “Os recentes aumentos nas exportações mexicanas de determinados produtos de aço e alumínio para os Estados Unidos” e “a falta de transparência em relação às importações” destes produtos do México a partir de terceiros países, segundo comunicado divulgado nesta sexta-feira.
Washington destacou também a sua “crescente preocupação” com a falta de concorrência no setor das telecomunicações no México e outra das questões que mais envenena a relação comercial: a política energética do presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador.
Tai instou seu vizinho a fazer “progressos significativos” nas consultas em andamento no âmbito do tratado de livre comércio da América do Norte (T-MEC) sobre medidas energéticas, disse o comunicado.
O diálogo econômico, lançado em 2013, mas interrompido durante o mandato de Trump, inclui também os respectivos chefes da diplomacia, o americano Antony Blinken e a mexicana Alicia Bárcena, e a secretária do Comércio dos Estados Unidos, Gina Raimondo.
A funcionária não especificou se falarão do crescente poder econômico assumido pelos militares no México, onde gerem aeroportos, alfândegas e portos, mas tentarão avançar na agenda em torno de indústrias emergentes, como a produção de baterias para veículos elétricos, minerais críticos e uma economia unida “por fronteiras seguras”.
A situação na fronteira comum é uma questão explosiva nos Estados Unidos, em plena campanha para as eleições presidenciais de 2024. Especialmente para o presidente democrata Joe Biden, que aspira à reeleição nestas eleições em que poderá ter o seu antecessor como rival, o republicano Donald Trump.
E também para o México, que no próximo ano elege o sucessor de López Obrador.
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