ROMA, 29 SET (ANSA) – Mais de 11,6 mil menores estrangeiros não acompanhados cruzaram o Mar Mediterrâneo, palco de inúmeras tragédias de migrantes nos últimos anos, rumo à Itália entre janeiro e meados de setembro de 2023, informou o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) nesta sexta-feira (29).
Os números mostram um aumento de 60% em relação às 7,2 mil crianças desacompanhadas ou separadas que fizeram a perigosa travessia no mesmo período do ano passado.
Os dados foram fornecidos durante uma coletiva de imprensa pela Unicef, que realizou na última quinta (28) uma missão na ilha de Lampedusa, no sul da Itália, onde o número de chegadas atingiu o seu pico neste mês, com o desembarque de 4,8 mil pessoas em um só dia.
A agência da ONU explicou ainda que “pelo menos 990 pessoas, incluindo crianças”, naufragaram no Mediterrâneo Central entre junho e agosto de 2023, “ou três vezes mais” do que o número registrado no verão de 2022, quando “pelo menos 334 pessoas perderam a vida”.
“O Mar Mediterrâneo tornou-se um cemitério para as crianças e para o seu futuro”, afirmou Regina De Dominicis, diretora regional da Unicef para a Europa e Ásia Central e coordenadora especial para a resposta aos refugiados e migrantes no continente europeu.
Segundo ela, “o número devastador de crianças que procuram asilo e segurança na Europa é resultado de escolhas políticas e de um sistema de migração falido”.
“A adoção de uma resposta à escala europeia para apoiar as crianças e as famílias que procuram asilo e segurança e um aumento sustentado da ajuda internacional para apoiar os países que enfrentam múltiplas crises são desesperadamente necessários para evitar que mais crianças sofram”, acrescenta.
De acordo com o relatório, “as crianças que sobrevivem à travessia são primeiro mantidas em centros de acolhimento de migrantes e depois transferidas para instalações que estão frequentemente fechadas e limitam o movimento”.
A Unicef apontou também que mais de 21,7 mil crianças desacompanhadas que chegaram à Itália estão atualmente em centros de registro, em comparação com os 17,7 mil contabilizados em 2022.
Além disso, apelou aos governos para que “proporcionem vias mais seguras e legais para a procura de asilo; que garantam que as crianças não sejam mantidas em instalações fechadas; que reforcem os sistemas nacionais de proteção infantil para melhor proteger as crianças que migram; que coordenem as operações de busca e salvamento e garantam o desembarque em locais seguros lugares”.
Por fim, o Fundo das Nações Unidas reforçou que o debate em curso entre o Parlamento Europeu e os Estados-membros da UE sobre o Pacto Europeu sobre a Migração e o Asilo representa “uma oportunidade imediata para afirmar e apoiar princípios fundamentais de proteção das crianças e desenvolver políticas que abordem as múltiplas violações dos direitos das crianças no países de partida, trânsito e chegada”. (ANSA).