Está no gabinete do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, um acordo de delação premiada bombástico, que há 20 anos vinha sendo mantido sob sigilo. Tratam-se de documentos sobre a colaboração premiada de Tony Garcia, que implicam o ex-juiz federal Sergio Moro.
Em junho passado, o GGN publicou diálogos da Operação Spoofing que confirmam que Tony Garcia atuava como “espião” ou “agente secreto” a mando de Moro. Relembre aqui.
Os documentos agora em posse de Toffoli indicam que Moro teria usado Tony Garcia para investigar ilegalmente autoridades com foro privilegiado, ou seja, figuras que estavam fora de sua jurisdição. Entre elas, deputados e desembargadores. Moro nega irregularidades.
O G1 divulgou as tarefas 4 e 5 da lista de Moro: “4) Caso Nego Scarpin – Bertoldo teria passado para a CPLI-BANESTADO a conta de Luiz Antônio Scarpin para extorquir dinheiro. (Trata-se do bilhete apreendidos manuscrito pelo Sérgio Malucelli com timbre da Votorantin). Estariam envolvidos o Deputado Iris Simões, o Dep. Mentor e o Vereador João Melão/SP. O beneficiário trará a prova documental e gravações. Essas gravações estão em poder de Nego Scarpim, envolvendo Desembargadores do TRF, advogados e políticos. 5) Caso Enio Fornea X Bertoldo. As fitas acima contêm gravações do auxílio dado a Enio Fornea por um Desembargador do TRF da 4o Região.”
O acordo de delação de Tony, firmado em 2004, teve o segredo de Justiça revogado pelo juiz federal Eduardo Appio, o novo titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, que acabou afastado de suas funções por conta do caso Malucelli, que tem as digitais de Moro.
As 30 tarefas
Segundo informações da jornalista Daniela Lima, que teve acesso aos documentos enviados ao Supremo, Moro teria enumerado exatamente 30 tarefas a Tony Garcia, como condição para que ele tivesse um acordo de colaboração premiada homologado. As tarefas ficaram registradas nos autos que estavam sob sigilo.
Entre as tarefas, Tony Garcia teria de levantar provas de que desembargadores do TRF-4 viajaram para assistir a um jogo de futebol, sendo que a viagem teria sido paga por um lobista que estava na mira de Moro.
Em outra tarefa, Moro usou Tony Garcia em benefício próprio, ao determinar que ele buscasse provas de que Moro teria sido grampeado por um advogado chamado Roberto Bertholdo, que também era investigado sob a batuta do ex-juiz.
Em mensagem à imprensa, Moro afirmou que Tony Garcia é um criminoso condenado e que ele jamais apresentou provas de que desembargadores ou outras figuras com foro foram grampeadas ilegalmente a mando do ex-juiz. Moro, no entanto, não negou em nota que é autor das 30 tarefas a Tony Garcia.
Ligação para o réu
Ainda segundo os documentos que foram apresentados ao Supremo, Moro teria ligado para Tony Garcia, que era seu réu, para informar as condições de sua condenação. Garcia já havia divulgado o áudio da ligação de Moro em julho passado. Relembre aqui.
Assista entrevista exclusiva de Tony Garcia para Luis Nassif, na TVGGN.
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