Publicado em 23 Out, 2023 às 16h45
Uma das vítimas que sobreviveu foi atingida no tórax e a outra na clavícula. Vídeos de câmeras de segurança mostram quando ele atira em uma menina pelas costas e à queima-roupa. Em outro momento ele mira na cabeça de uma aluna, mas erra o disparo, que desloca os cabelos dela. O atirador também chega a apontar a arma para alguns alunos, mas não atira. Estudantes relataram que o atirador sofria bullying e avisou "havia semanas" que cometeria o atentado
Giovanna Bezerra Silva, de 17 anos, morreu no atentado. Ela cursava o 3º ano do ensino médio
Um ataque a uma escola na zona leste de São Paulo na manhã desta segunda-feira (23) deixou uma aluna morta e outras duas feridas. Uma quarta vítima se machucou ao tentar fugir do local. Segundo a Secretaria estadual de Segurança Pública, um adolescente de 16 anos, também aluno, entrou armado na Escola Estadual Sapopemba.
O atirador foi apreendido pela polícia junto com a arma. As feridas foram levados para pronto-socorro do Hospital Geral de Sapopemba. As sobreviventes estão sendo tratadas e não correm risco de morte.
A menina que morreu é Giovanna Bezerra Silva, de 17 anos, e cursava o 3º ano. De acordo com os primeiros relatos, a vítima não conhecia o atirador e estava ‘no local errado, na hora errada’.
Alunos da unidade afirmaram que o atirador, que cursava o 1º ano, sofria bullying e teria avisado sobre o atentado. A arma usada no ataque de hoje pertence ao pai do atirador e é legalizada, segundo a Polícia Civil.
“Ele brigava muito na escola”, afirmou um aluno de 16 anos que estava na escola no momento dos tiros. “Ele avisou há semanas. Ele falava que ia atacar a escola e ninguém fez nada.”
Um estudante disse que voltava com o atirador todos os dias para casa. “Ele sofria muito bullying, mas não achava ele violento”.
O ataque é o segundo registrado na capital paulista neste ano. Em 27 de março, um adolescente de 13 anos, matou a facadas uma professora de 71 anos e feriu quatro pessoas na Escola Estadual Thomazia Montoro, na zona oeste.
Momento do ataque
Segundo os alunos, o rapaz invadiu a sala do 1º ano do ensino médio, no segundo andar, por volta das 7h15, e atirou. Um outro aluno de 16 anos disse que estava na sala ao lado quando os tiros foram ouvidos.
“A gente colocou cadeiras e mesas para bloquear a porta e deitamos no chão”, disse. “Todo mundo ficou desesperado. Depois de um tempo, a diretoria mandou a gente sair pela escada de emergência.”
Um vídeo feito por câmeras de segurança da escola mostra uma pessoa encapuzada atirando na cabeça de uma menina pelas costas e à queima-roupa. A aluna de 17 anos não sobreviveu.
Em outro vídeo, ele entra em uma sala de aula atirando. Ele parece mirar na cabeça de uma aluna, mas erra o disparo — o primeiro disparo desloca os cabelos dela. O atirador caminha pela sala com a arma em punho, enquanto os alunos correm para sair de lá.
Aluna morta estava feliz
A avó da estudante Giovanna Bezerra, morta na manhã desta segunda-feira no ataque a tiros na Escola Estadual Sapopemba, disse que a adolescente estava feliz porque havia começado um curso novo no período da tarde, remunerado.
“Ela estudava de manhã e tinha começado a fazer um curso. Com o primeiro salário que ela recebeu ela ficou tão feliz que [disse que] ia estudar mais”, contou Luzia de Carvalho Silva, avó da estudante, em entrevista à rádio CBN.
Luzia disse que já tinha ouvido a respeito de um possível ataque à escola. “Nunca esperava, mas todo mundo já sabia que ia acontecer alguma coisa nessa escola, porque há muito tempo estão falando que tava tendo ameaça lá. Por que não fizeram as coisas antes?”, questionou a avó.
Mãe de atirador relatou agressão
A mãe do adolescente apontado pela polícia como autor do ataque a tiros registrou ocorrência por lesão corporal e ameaça ao filho há seis meses. No documento, ela aparece como representante e o jovem como vítima.
A mulher registrou a ocorrência no dia 24 de abril deste ano relatando episódios de agressão contra o filho na Escola Estadual Sapopemba, onde ocorreu o ataque a tiros. Segundo o relato, feito no 69º Distrito Policial (Teotônio Vilela), o adolescente também foi agredido em um evento no bairro da Liberdade, região central de São Paulo, e estaria sendo alvo de ameaças pela internet.
Após o registro da ocorrência, foi requisitado exame no IML para que as agressões pudessem ser confirmadas. A mãe do adolescente disse ter procurado o Conselho Tutelar e a diretoria da escola para relatar os fatos.
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