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As consequências (reais e confirmadas) das mudanças climáticas na nossa saúde

Marta Atalaya, jornalista da SIC Notícias, moderou o debate que se seguiu após a apresentação do estudo e que contou (da esquerda para a direita) com Adalberto Campos Fernandes, Luísa Schmidt, Osvaldo Santos e Pedro Matos Soares

Marta Atalaya, jornalista da SIC Notícias, moderou o debate que se seguiu após a apresentação do estudo e que contou (da esquerda para a direita) com Adalberto Campos Fernandes, Luísa Schmidt, Osvaldo Santos e Pedro Matos Soares

Joao Girao

É sobre este tema que incide o estudo da Médis e do grupo Ageas, da autoria da Return On Ideias, apresentado hoje, num evento que contou com o Expresso como media partner . Conheça algumas das conclusões

As alterações climáticas existem, estão entre nós, e vieram para ficar. Este, aparentemente, é um problema reconhecido por todos, mas o que o estudo “Riscos climáticos e a saúde dos portugueses: futuro(s) por imaginar e construir” mostra é que os problemas de saúde oriundos de fenómenos climáticos ainda não são amplamente reconhecidos, o que aponta diretamente para uma falha na prevenção. Como prevenimos algo que não sabemos que existe?

Segundo o estudo:

afirma ter bastantes dúvidas quanto aos efeitos específicos na saúde resultante de alterações climáticas

das pessoas escolheu a crise climática como um dos temas de maior preocupação atualmente. No entanto, questões como o aumento do custo de vida, a situação económica do país e a crise na habitação estão no top 3 do ranking de preocupações

mortes aconteceram na Europa, em 2022, devido a ondas de calor

Para discutir os efeitos associados a cada risco climático e de forma a fazer uma reflexão sobre as conclusões que o estudo pôs a descoberto - nomeadamente a perceção dos portugueses quanto a este domínio - o grupo Ageas juntou especialistas na sua sede para uma tarde de debate. Em cena estiveram os seguintes intervenientes: Maria do Carmo Silveira, responsável de Orquestração Estratégica do Grupo Ageas Portugal, Joana Barbosa , responsável de Investigação e Research da Return on Ideas, Luísa Schmidt, orientadora científica, professora e investigadora (ICS - UL), Adalberto Campos Fernandes, professor NOVA ENSP, ex-ministro da Saúde, Osvaldo Santos, investigador e assistente convidado do ISAMB-FMUL (Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa), Pedro Matos Soares, professor e investigador (Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa/Instituto Dom Luiz), Sílvia Silva, presidente da APSAI, Filipe Duarte Santos, presidente da CNADS, João Queiroz e Melo, vice-presidente da CPSA, Pedro Serra Pinto, fundador e diretor executivo do Fórum Saúde XXI, Francisco Ferreira, presidente da Zero e Eduardo Consiglieri Pedroso, membro da Comissão Executiva do Grupo Ageas Portugal.

Joana Barbosa , responsável de Investigação e Research da Return on Ideas

Joana Barbosa , responsável de Investigação e Research da Return on Ideas

Joao Girao

O estudo pretende chamar a atenção de toda a sociedade civil para que se gerem discussões profícuas em torno do impacto da mudança climática na nossa qualidade de vida, olhando em particular para a saúde.


Abaixo, algumas conclusões do debate:

  • 67% considera que as alterações climáticas já impactam a qualidade de vida dos portugueses, mas há ainda muito desconhecimento sobre o que elas provocam na saúde. “A proximidade ao problema ajuda muito na compreensão do mesmo”, explica Joana Barbosa;
  • Adalberto Campos Fernandes põe a tónica no facto dos problemas de saúde andarem sempre de mãos dadas com o grau de pobreza. “Nao vencendo a batalha das desigualdades, não vencemos nenhuma outra”, considera o ex-ministro da Saúde;
  • A ansiedade climática começa agora a ganhar mais proporções no país. O conceito refere-se ao stresse e ansiedade gerados pelo preocupação excessiva pelo ambiente que se agudiza com o facto dos indivíduos não saberem quais são as soluções para combater o problema. “A literacia não chega, precisamos de capacitação”, diz Osvaldo Santos;
  • Só o esforço coletivo ajudará a mitigar os efeitos das alterações climáticas: do governo às entidades públicas, passando pelas organizações locais, todos devem estar envolvidos. “Atuar junto das escolas é fundamental”, diz Luísa Schmidt;
  • “A nossa necessidade de adaptação às alterações climáticas, depende da mitigação, e esta - por sua vez - depende de um esforço global”, reforça Pedro Matos Soares.
  • Políticas públicas adequadas e alinhadas com a Europa precisam-se e são parte crucial da solução.

Frases que marcaram a sessão

Retiradas das considerações finais que os parceiros do estudo fizeram alguns após o debate.

“Foi muito positivo perceber que os portugueses estão preocupados, embora não reconheçam o verdadeiro risco” Sílvia Silva, presidente da Associação Portuguesa de Saúde Ambiental (APSAI)

“Parece-me importante que haja um diálogo, que as pessoas não se coloquem em trincheiras” Filipe Duarte Santos, presidente do Conselho Nacional do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CNADS)

“A média europeia de reciclagem é de 48% e em Portugal é de 30%” João Queiroz e Melo, vice-presidente do Conselho Português de Saúde e Ambiente (CPSA)

“Se investissem mais na prevenção, não estaríamos nesta situação” Pedro Serra Pinto, fundador e diretor executivo do Fórum Saúde XXI

“Temos que abanar a sociedade, mas acima de tudo precisamos de políticas que juntem saúde e ambiente” Francisco Ferreira, presidente da Zero, Associação Sistema Terrestre Sustentável


Pode rever a sessão na íntegra AQUI.


Acompanhe a próxima edição do Expresso, nas bancas esta sexta-feira, para saber mais sobre as conclusões do estudo.

Repensar a Saúde

O impacto das alterações climáticas na saúde dos portugueses esteve em destaque num evento organizado pela Medis. A conferência, à qual o Expresso se associou como media partner, serviu também para apresentar o estudo intitulado “Riscos climáticos e a saúde dos portugueses: futuro(s) por imaginar e construir”.

Os fenómenos climáticos, que no passado fustigavam mais os países do sul do globo, começam a verificar-se nos países mais a norte, tornando gritante uma discussão e ação conjunta no sentido de mitigar estas mudanças e o consequente impacto que elas podem ter na saúde