Cape Verde
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Entre o silêncio da Espanha e a “pressão” de Cabo Verde: Jovem síria implora para não ser deportada, onde lhe espera a “pena de morte”

Uma jovem Síria está em greve de fome, como protesto, em frente à Embaixada de Espanha, por não estar a receber, do mesmo consulado, respostas de um pedido de asilo solicitado desde Fevereiro. É que com visto caducado em Cabo Verde, teme ser deportada novamente para a Síria onde diz que a única coisa que lhe espera é a “morte” por ter fugido dos familiares envolvidos na situação da guerra dos extremistas islâmicos. Contactada pelo A NAÇÃO a Embaixada de Espanha diz ter conhecimento do caso, mas alega confidencialidade diante da situação que considera “muito delicada”. O visto da jovem caduca este domingo,25. 

Uma jovem de nacionalidade Síria, de 30 anos, está em greve de fome, em frente à embaixada de Espanha, na cidade da Praia, desde o passado dia 15 de Junho, para protestar a falta de resposta desta embaixada sobre um pedido de asilo que solicitou desde fevereiro deste ano.

Em uma carta, um cidadão de nacionalidade espanhola que está a apoiar esta jovem, descreveu a situação como “muito delicada”.

 Segundo a carta que o A NAÇÃO online teve acesso, a jovem síria de 30 anos deixou o seu país no passado mês de Fevereiro fugindo da situação de guerra e extremistas islâmicos (Jihadistas e Irmandade Muçulmana).

Mas, acima de tudo, como explica na carta, “fugindo dos maus tratos dos familiares motivados pela religião, já que o seu pai e irmãos são fundamentalistas islâmicos, e há anos tentam, por meio de espancamentos, mudar a forma de pensar e agir desta jovem”.

A mesma chegou a Cabo Verde desde Fevereiro, graças à colaboração de um amigo espanhol que pagou as transferências e a estadia e que lhe tem apoiado desde aquela altura.

Entre o silêncio da Espanha e a pressão de Cabo Verde 
A carta nos dá conta ainda que no dia 17 de Março, foi enviado "um pedido de ajuda (ao abrigo do artigo 38.º da Lei do Asilo) na Embaixada de Espanha tendo entregado o requerimento que até ainda não tem uma resposta".
 Além do silêncio na embaixada de Espanha, a Polícia de Fronteiras de Cabo Verde já deu também um ultimato a esta jovem que, com visto de estadia em Cabo Verde caducado, tem de regressar “voluntariamente” para o seu país de origem onde diz ter a certeza de que só a "morte" lhe espera.
“Solicitamos no dia 2 de Junho, dois dias antes do visto caducar, um pedido de prorrogação e, no dia 15, recebemos uma notificação para ela deixar o país nos próximos 10 dias, sem poder entrar em Cabo Verde num período de 2 anos, por não cumprimento da data do visto”, contou o cidadão espanhol que quer levar a jovem para Espanha. 
Sendo que o prazo já está a terminar e sem resposta, os dois têm protestado em silêncio com uma camisola escrita “artigo 38” em frente à embaixada espanhola, na Praia, sem terem comido desde o passado dia 15 de Junho.

“Empurrada para a morte”

O cidadão espanhol lamenta a demora de uma resposta positiva por parte da embaixada e igualmente “a falta de sensibilidade” da Polícia de Fronteiras de Cabo Verde que a seu ver “está a empurrar esta jovem para a morte”.

Contactado pelo A NAÇÃO online, o mesmo reafirma toda a situação descrita na carta. Contou que a jovem encontra-se muito assustada, disposta a tirar a sua própria vida, e num estado psicológico complicado. O seu prazo para permanecer em Cabo Verde termina neste domingo, 25 de Junho.

Embaixada de Espanha diz ter conhecimento do caso “muito delicado”

Diante do cenário descrito, o A NAÇÃO online contactou a embaixada de Espanha que esclareceu que procedimento está previsto no artigo 38º da lei 12/2009 e que permite solicitar deslocação a Espanha a partir de onde se solicita o asilo.

No seu e-mail de resposta os serviços consulares da Espanha responderam: “Por se tratar de uma situação muito delicada e, ao abrigo da Lei Orgânica de Proteção de Dados, devido à confidencialidade, não podemos dar nenhum tipo de informação sobre o estado do processo, a não ser confirmar que temos conhecimento do caso”.

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