Depois de Óscar Santos, surge agora o nome de Jacinto Santos, outro antigo autarca, como putativo concorrente à Câmara da Praia. A NAÇÃO sabe que há movimentações no sentido de convencê-lo a encabeçar uma candidatura independente. Abordado, diz que apenas aceita participar na busca de uma solução alternativa, de “cidadãos”, a favor do seu município-natal.
Está na forja uma candidatura “independente” de Jacinto Santos à Câmara da Praia, nas eleições autárquicas de 2024. Fontes deste jornal garantem que esse é um desejo de alguns militantes e simpatizantes do MpD, mas, também, de empresários e investidores, assim como de personalidades de vários quadrantes político partidários e sectores de actividade.
Conforme um dos nossos interlocutores, Jacinto Santos “goza de grande simpatia junto dos quadros e trabalhadores do Município, e é também acarinhado pelos praienses pelo trabalho que efectuou no sector da habitação como presidente da Câmara da Praia”.
A isso junta-se, igualmente, a acção cidadão como promotor e dirigente de organizações da sociedade civil sem fins lucrativos (associações, ONG, Fundações e cooperativas), junto dos jovens, mulheres chefes de família e das
comunidades locais, bairros e povoados do município da Praia”.
Como mais-valia deste antigo autarca os promotores desta candidatura destacam o facto de o mesmo ser reconhecido no país como “um dos melhores especialistas” em economia social e solidária.
“É detentor de um sólido conhecimento a gestão e administração autárquica, desenvolvimento económico local, de uma grande capacidade de liderança, organização, comunicação e de argumentação, bem como de uma sólida capacidade política”, realça o nosso interlocutor, em nome dos seus pares.
Para os apoiantes de Jacinto Santos, o mesmo é tido também como uma pessoa de “diálogo fácil, respeitador e simples no relacionamento com as pessoas e é, sem dúvida, uma figura pública com um grande historial de participação na vida política e social do país”.
Se com tais pergaminhos Santos se posicionar, o cenário das eleições municipais na capital em 2024 pode mudar de figura, tendo em conta a persistência de um ambiente político e institucional caraterizado por um elevado nível de crispação e de conflitualidade, quebra de confiança e insegurança jurídica por parte de empresários e investidores, “com manifesto prejuízo para as populações e o desenvolvimento do município”.
Jacinto agradece, mas…
Porém, se esse é o desejo do referido de cidadãos o mesmo não se passa com o visado, Jacinto Santos. Ao A NAÇÃO o mesmo agradece, em primeiro lugar, o reconhecimento, “se de facto existe um grupo de cidadãos” que o quer ver de volta à CMP, depois de 23 anos longe da CMP. “Fico contente, masesse nunca foi o meu projecto político, regressar à Câmara da Praia”.
Contudo, admite igualmente, “se aparecer um grupo de pessoas, um movimento com um projecto cívico, em alternativa para a Câmara da Praia, estarei disposto a dar a minha contribuição”.
Santos dá a entender não alinhar, neste momento, nem com o MpD nem com o PAICV. Como diz, “um (o PAICV) pela sua prática activa” e o outro (MpD) “com posição de esperar para ver”.
Como se sabe, apesar da ruptura de 2000 com o MpD, partido de que ajudou a fundar em 1990, elegendo-se para a presidência da CMP (1991-2000), Jacinto Santos vai mantendo relações cordiais e de alguma colaboração política, ao passo que com o PAICV o distanciamento é de longe mais flagrante. Apoiou em
várias eleições o MpD e nas últimas presidenciais apoiou Carlos Veiga.
Independentemente disso, sublinha, “a Câmara da Praia atravessa neste momento um problema grave de atropelo à democracia. A Câmara é uma instituição democrática, que não pode ser gerida em função do humor de quem está à sua frente”, diz referindo-se a Francisco Carvalho, do PAICV.
Em suma, conclui Jacinto Santos, “se aparecer um movimento de cidadãos, a defender um projecto democrático de desenvolvimento para a Praia, minha cidade e município, eu apoiarei, sem problemas, mas nunca como líder ou cabeça de lista”.
Óscar, Beta, Freire…
O surgimento agora do nome de Jacinto Santos para o horizonte autárquico de 2024 acontece quase um mês depois de este jornal ter avançado na edição 811 (23 de Março) o nome de Óscar Santos para, também ele, regressar à CMP, como candidato do MpD em 2024. Alberto Melo (Beta) e Fernando Elísio Freire são outros nomes igualmente ventilados.
Obviamente que esta busca de solução para a CMP, na família ventoinha, denota alguma preocupação por parte dos sectores que lhes são próximos. Numa palavra, ao que tudo indica, o MpD está ainda longe de ter encontrado a solução para a principal câmara do país.
Já do lado do PAICV, mesmo com a situação de uma certa ingovernabilidade na CMP, com gestão virada de costas para a cúpula tambarina, não se vislumbra qualquer candidatura para fazer frente a Francisco Carvalho.
Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 815, de 13 de Abril de 2023