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Ana Brito nega culpa na morte de sete bebés: “O governo concorda com uma ideia que é falsa”

A presidente do antigo Conselho de Administração do Hospital Baptista de Sousa, em São Vicente, desmentiu hoje que a exoneração do anterior conselho aconteceu em circunstância da morte dos sete recém-nascidos. Para Ana Brito, o Governo “parece concordar com uma ideia falsa”, ao não desmentir o assunto. 

Ana Margarida Brito, em conferência de imprensa hoje, no Mindelo, declarou que decidiu vir agora a público, após aguardar por um desmentido do Ministério da Saúde ou do Governo sobre a ligação feita da substituição da anterior administração, após a morte de sete recém-nascidos nas últimas semanas do mês de Maio, “e por causa desse facto”.

“Há indícios de que esse desmentido não irá surgir, o que pode significar que o Governo concorda com essa ideia, que é completamente falsa”, aludiu a mesma fonte, para quem os ex-administradores “não aceitam esse casamento com a culpa”.

Aliás, conforme informou, a substituição da ex-administração seria feita em finais do mês de Março, “bem antes do episódio das mortes na Neonatologia”, o que não veio a acontecer, “sem que explicações fossem dadas”, pelo que não restou aos ex-administradores “esperar e fazer a gestão corrente” do hospital.

“Espanta que se invoque a necessidade de implementar novas políticas quando ao longo dos sete anos de duração dos sucessivos mandatos, o conselho de administração cessante nunca recebeu orientações políticas por parte da tutela”, reforçou Ana Margarida Brito.

Relatório iliba profissionais de saúde 

Sobre a morte de sete recém-nascidos nas últimas semanas do mês de Maio, a mesma fonte lembrou que o próprio relatório do inquérito desencadeado por uma equipa independente do Hospital Baptista de Sousa “mostrou claramente não haver culpas atribuíveis” aos profissionais do hospital.

Ladeada pelo colega médico Paulo Almeida, da anterior administração, Ana Margarida Brito explicou, então, que, no mês de Maio, quando a directora do Serviço de Neonatologia alertou a direcção para as mortes de neonatos várias foram as intervenções realizadas, tendo-se dado início a uma investigação interna, antes de os factos chegarem ao conhecimento do público.

“Fenómeno de bebés prematuros”

Explicou que desse grupo de neonatos, havia três prematuros extremos, dois dos quais nasceram às 27 e 26 semanas de gravidez, respectivamente, um deles com muito baixo peso (790 gramas), e que os restantes eram prematuros graves, “doentes bastante frágeis” cuja “única chance” de sobrevivência eram os cuidados intensivos de neonatologia.

Questionada sobre a taxa de sucesso nesse serviço, a ex-administradora referiu que ela se situa nos 90 por cento (%), contudo lamentou o facto de o número de médicos e enfermeiros ter decrescido o que, relatou, tem acarretado “um esforço enorme” por parte dos profissionais que actuam naquele serviço.

Por fim, Ana Margarida Brito mostrou-se preocupada com aquilo que designou de “fenómeno do aumento de nascimentos prematuros”, que vem acontecendo “um pouco por todo o mundo”, e que já levou a um alerta por parte da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Mencionou ainda um outro alerta recente da morte de sete recém-nascidos na França, também prematuros, cuja investigação apontou para um vírus na comunidade.

“Necessidade análise séria e responsável”

Daí concretizar que uma “análise séria e responsável” deveria levar os governantes cabo-verdianos a revistarem esses números e procurarem as causas.

“Para que medidas sejam tomadas desde a atenção primária, com um controlo mais rigoroso entre as grávidas no seguimento pré-natal, mas também com informação à população e, porque não, dotar os hospitais de equipamentos cada vez mais adequados para combater essa epidemia”, finalizou.

O relatório à morte dos recém-nascidos apontou a sepse neonatal tardia, uma infecção generalizada, na causa das mortes.

c/Inforpress

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