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Simulador da vida real

Por Ana Mosquera e Carlos Eduardo Fraga*

Novos jogos e games de duas décadas com atualizações surpreendentes vêm transformando os simuladores em opções confiáveis para que qualquer pessoa tenha seus primeiros contatos com potenciais profissões para o resto da vida. Sentado diante de seu computador, o jogador pode descobrir o que há de interessante em uma atividade profissional e também se deparar com seus problemas. É o game deixando de ser exclusivamente lúdico para se tornar uma prévia confiável de um trabalho para valer.

“Eu realmente acredito nesses simuladores como uma oportunidade para a pessoa ter um aperitivo de como é trabalhar nisso ou naquilo”, diz o jornalista especializado em novas tecnologias Dagomir Marquezi. Há 20 anos, ele deu a volta ao mundo no Flight Simulator e registrou todas as etapas, voando de um aeroporto para outro.

O programa da Microsoft é extremamente realista com as técnicas originais, permitindo pilotar de modelos de hélice única a aeronaves titânicas. A experiência é tão verídica que a empresa entrou em polêmica após o 11 de setembro, sob acusações de que os terroristas teriam usado o recurso para treinar o fatídico ataque.

(Divulgação)

“Os games são muito detalhados e fiéis à realidade. E praticar neles vai ao encontro dessa ideia defendida por muita gente, de que você deve trabalhar em uma coisa que goste”, diz Dagomir. Por meio deles, há como concluir que o cenário por trás da fazenda está longe de ser bucólico e sossegado, como sugerem games do passado.

O Farming Simulator 22 evidencia a rotina dura de uma propriedade rural e, apesar de não ser possível se sujar virtualmente, é possível monitorar safras, montar cavalos, comprar terras, e controlar tratores e outros equipamentos. Tão pesado e árduo quanto dirigir as máquinas da agricultura é comandar caminhões, e o Euro Truck possibilita a quem joga realizar trajetos de verdade.

Na boleia do veículo virtual, o jogador (ou futuro profissional) experimenta o impacto de longas horas de estrada, além de aprender a driblar imprevistos, como uma marcha perdida ou o trânsito. Estratégias para controlar combustíveis e finanças, e reformar o veículo também passaram a integrar a “brincadeira”.

O game não encontra concorrentes à altura, mas algumas barreiras foram transpostas para estimular o interesse brasileiro. O publicitário Wagner Marciano é administrador geral e editor de finalização de mapas da empresa ETS2 Rotas Brasil, responsável por incluir a cartografia do País no projeto europeu. Assim, dá para circular na Dom Pedro, na Anhanguera e, em breve, na Dutra. “É um jogo aberto e você pode criar. Costumamos nos basear em mapas reais do Google Maps e Google Earth, trazendo o mais próximo do real e tirando toda essa ambientação europeia”, fala Wagner.

Assumir o volante de um trem e ficar na retaguarda de linhas ferroviárias e de metrô também integram o universo. No Train Sim World 3, o aspirante a maquinista encara regras, sinais e limites de velocidade típicos do cotidiano, seja a bordo de veículos de carga, elétricos ou modelos de luxo.

No mundo real ou virtual, a vista compensa as adversidades: visualizam-se cidades e vales de todo o planeta. Outro que mergulha nos caminhos férreos é o Rail Route: construção, melhoria e automatização de rotas fazem parte da vivência. Os mapas são tão idênticos aos reais que a tecnologia pode até se tornar aliada no gerenciamento de vias simples existentes.

FAZENDA Sem romantismo: game inclui negociar valores de alimentos e conduzir máquinas (Crédito:Divulgação)

“Você aprende a administrar a empresa, gerenciar custos com combustível, calcular noites
de sono” Wagner Marciano, editor na ETS2 Rotas Brasil

(Divulgação)

Os sofisticados simuladores não se restringem a estradas e veículos. Apesar de serem experiências aparentemente mais acessíveis, que não exigem tirar licenças para dirigir, iniciativas permitem ao usuário ser dono e chef de um restaurante ou colaborador em uma cozinha profissional.

No primeiro, o Chef Life, há como decidir os detalhes das refeições dos clientes, escolher a aparência do estabelecimento, gerenciar fornecedores, calcular estoque e organizar turnos da equipe. No Cooking Simulator, o foco está na execução: pesar os ingredientes de uma receita, fatiar e cortar carnes e vegetais da maneira correta, e cozinhar com precisão cada item em panela apropriada. São belos testes para quem não está de brincadeira ao mirar uma profissão no futuro.

VIDA DE CHEF Profissional: programa permite cozinhar, mas também controlar estoque e turnos de equipe (Crédito:Divulgação)

* Estagiário sob supervisão de Thales de Menezes

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