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Relator manda e o presidente da CPI do MST obedece. Por Moisés Mendes

O relator da CPI do MST, Ricardo Salles (PL-SP), e o presidente da comissão, Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS) – Foto: Brenno Carvalho

Os conflitos dessa quarta-feira na CPI do MST provocaram dois momentos patéticos e inéditos em comissões parlamentares de inquérito.

No primeiro momento, o comando da CPI expulsou mulheres ativistas que estavam ali e foram consideradas incômodas, mas não expulsou nenhum homem.

Uma das expulsas, por discutir com um deputado, foi a enfermeira e sindicalista Líbia Bellusci, que defendia deputadas afrontadas pelos machos de extrema direita.

E aqui está a surpresa. Líbia foi expulsa porque Ricardo Salles, relator da CPI, disse ao deputado coronel Zucco, presidente da comissão, que ele deveria ordenar que Líbia fosse retirada da sala.

Zucco obedeceu e determinou a expulsão determinada por Salles, como conta em detalhes a repórter Victoria Azevedo, da Folha de S. Paulo.

Depois, veio o segundo momento estranho, quando houve um bate-boca entre o governador goiano bolsonarista Ronaldo Caiado e o deputado petista Paulão dos Santos, de Alagoas.

O estranho não foi o bate-boca, mas a segunda intervenção de Salles, que disse a Zucco que ele deveria encerrar a sessão, como conta a mesma Victoria Azevedo. E Zucco encerrou a sessão.

O relator da CPI do MST, Ricardo Salles (PL-SP), e o presidente da comissão, Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS) – Foto: Reprodução

Salles deixou claro que é o líder da comissão. É a primeira vez numa CPI que o relator manda no presidente, e o presidente se submete às suas ordens.

Num dos dias mais tensos da CPI da Covid, em 2021, o relator Renan Calheiros tentou induzir o presidente, Omar Aziz, a determinar a prisão do empresário Fabio Wajngarten, secretário de Comunicação de Bolsonaro.

Calheiros argumentou que o sujeito (hoje advogado de Bolsonaro) estava mentindo aos senadores sobre a compra de vacinas.

Omar Aziz respondeu:

– Não sou carcereiro de ninguém. Temos como pedir o indiciamento no relatório para ele ser preso, mas não por mim, e depois que for julgado. Aqui não é tribunal de julgamento.

Prevaleceu, claro, a autoridade do presidente, que assumiu do começo ao fim o comando da CPI da Covid, até o relatório final com uma lista de 79 nomes apontados como criminosos.

Até essa quarta-feira, nunca antes na história do Congresso o relator havia mandado publicamente no presidente de uma CPI.

Publicado originalmente em Blog do Moisés Mendes

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