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De fantasia em casamento à Rei do Pop do Aranhaverso: conheça cosplays baianos do Homem-Aranha

Digno da classificação de ‘só se vê na Bahia’, o casamento do operador industrial Erick Adonai, 25, com a professora Camila Calmon, em dezembro de 2022, aconteceu com um toque exacerbado de personalidade. É que o noivo apareceu no altar vestido de Homem Aranha, super-herói famoso dos quadrinhos da Marvel Comics. “Fiquei com medo da reação dela, mas, mesmo se eu apanhasse, ia dar tudo certo no final”, disse Erick, que nesta quarta-feira (31)  voltou a fazer cosplay do seu personagem favorito na pré-estreia do filme Homem Aranha: Através do Aranhaverso.

Reunidos, 50 homens, mulheres e crianças de diferentes idades fizeram um verdadeiro show na bilheteria do UCI Shopping da Bahia. Fazendo jus ao multiverso, tinha Homem-Aranha vindo do Japão, do universo de Toy Story, do basquete e até cover de Michael Jackson à la Bahia. Esse último personagem, em específico, foi interpretado pelo bombeiro e músico Hegel Gramacho, 27, que explicou os passos de Thriller, com batida de axé.

”O rebolado do Homem-Aranha é 100% igual ao do Michael, ainda mais juntando com baianês. Dá um sistema pélvico gostoso”, afirmou, aos risos. Fã desde a infância do personagem que lança teias, Hegel conta que foi sua mãe a responsável por endossar essa admiração ao comprar roupas e paquetes personalizadas. Agora, já pai, ele costuma comprar bonecos do super-herói para o filho. Pelo menos, é o que diz para a criança. “Eu digo que é para ele e pego para mim”, confessou.

A reunião dos miranhas baianos foi organizada pelo estudante de Licenciatura em Dança da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Duffy Ventura, que há 13 anos faz cosplay de super-heróis. Na bagagem como fã do personagem, Duffy já foi expulso de shopping por reunir uma multidão fantasiada e jáfoi parar  na delegacia. “Tomei um murro durante a apresentação em uma loja, mas virei amigo do delegado e fiz o aniversário da filha da promotora. Às vezes, é preciso tomar um murro na cara para fazer marketing”, brincou. 

Com 14 trajes do Homem- Aranha, uma moto totalmente plotada com adesivos do super-herói e batizada de Mary Jane, par romântico do Miranha, Duffy explica que sua paixão surgiu pela identificação com a origem do herói e por ele querer salvar a vizinhança, não o mundo. “Eu sou um cara que tenta ajudar as pessoas ao meu redor, porque hoje em dia está muito difícil ser herói”, pontua.

Moto plotada com adesivo do Homem-Aranha faz sucesso com o público infantil, conta Duffy Ventura (Foto: Paula Fróes/CORREIO)


A ideia de organizar o evento de cosplay na  pré-estreia surgiu do sonho que Duffy já tinha de organizar um evento grande, sobretudo porque, segundo ele, a cidade nem sempre acolheu bem os geeks, como são identificados  os nerds e fãs de HQs. “Dsde dezembro para cá eu quis reunir essa galera para esse filme. E pensei ‘por que não um Homem-Aranha baiano, dançando pagode e metendo aquela quebradeira?’”.

Posta em prática, a ideia saiu melhor do que o planejado. Isso porque, além dos cosplays, outras pessoas se  juntaram na bilheteria no clima do personagem. Os risos também foram unânimes quando os miranhas, com uma caixa de som, criaram suas próprias coreografias de hits baianos como Deixa Eu Botar Meu Boneco, de Oh Polêmico, Zona de Perigo, de Léo Santana e Tome, Tome, de Saiddy Bamba.

Cosplays de todas as idades foram atração da pré-estreia do novo filme do Homem-Aranha (Foto: Larissa Almeida/CORREIO)

A costureira Angel Saints acompanhou o filho adolescente, com trajes característicos do personagem. Ela conta que a parceria entre mãe e filho, quando o assunto é o Miranha, sempre foi assim. “Desde que ele me pediu pela primeira vez para fazer uma roupa do Homem-Aranha para ele, eu amei e disse que queria uma igual para mim. Na minha adolescência, eu já gostava, só que eu não sabia que o que eu gostava era cosplay. Eu vi os grupinhos que ele participava e também entrei. Agora, gostamos e vamos juntos. O pessoal nem sabe que somos mãe e filho”, relata.

Fortalecendo a presença feminina no evento, a atriz, produtora e publicitária Marília Carvalho, 26, nutre paixão pelo Homem-Aranha desde os 4 anos quando o pai a levava ao cinema. “Esse evento é um momento de comunidade, de me sentir inclusa, principalmente por ser geek. E ver que vamos juntar 50 homens-aranhas me emociona muito, ainda mais como mulher, porque é um espaço de muito território masculino. É uma representação muito boa e o próprio Stan Lee falava que o Miranha era um personagem tão bom porque qualquer pessoa pode estar dentro da roupa”, destaca.

Já para o tesoureiro David Reis, 20, a representação do Homem-Aranha no novo filme é importante por identificação racial. Na nova produção da Marvel, Milles, o Miranha protagonista do Aranhaverso, é um jovem preto e isso foi o que motivou David a se fantasiar pela primeira vez. “Eu me via naquele personagem. Já fiz muitos cosplays, mas nunca me bateu vontade de fazer do Homem-Aranha. Agora, já até fui até de cosplay em escola para brincar com as crianças”, conta

Na expectativa pelo filme, o militar do Exército Caique Reis, 24, diz que espera ver a consolidação do Milles como um dos melhores Homens-Aranhas. "Eu acredito que ele vai amadurecer muito mais e mostrar para que veio como Homem-Aranha. Ele me representa e essa representatividade é muito importante, principalmente no cinema. Chegar numa sala de cinema e ver um Homem-Aranha negro faz eu me ver na telona", ressaltou.
 

*Com orientação da subeditora Fernanda Varela