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Com exterior, Ibovespa emenda 3ª perda e cai 1,03%, aos 108,8 mil pontos

Reconectado à cautela externa, o Ibovespa não acompanhou hoje a melhora adicional no câmbio e nos juros futuros após a aguardada aprovação, com folga, do arcabouço fiscal no fim da noite de ontem, na Câmara dos Deputados. Tendo mostrado, recentemente, descolamento das preocupações em torno da elevação do teto da dívida americana – ainda em impasse -, o índice da B3, como ontem, firmou-se em baixa, estendendo moderada realização de lucros pela terceira sessão consecutiva. Contudo, sem se distanciar muito da marca dos 110 mil, que havia assegurado nos três fechamentos entre os dias 18 e 22 de maio.

Nesta quarta-feira, o Ibovespa oscilou entre mínima de 108.546,09 (-1,26%) e máxima de 109.919,92 pontos, correspondente à abertura, para fechar a sessão em baixa de 1,03%, aos 108.799,54 pontos. O giro voltou a se suavizar, a R$ 23,2 bilhões. Na semana, o Ibovespa recua 1,76%, moderando os ganhos do mês a 4,18%. Com o desempenho de hoje, volta a terreno negativo no ano, em baixa de 0,85%.

Com a preocupação persistente em torno da elevação do teto da dívida americana, e a aproximação do prazo final de 1º de junho para evitar default, a ata da mais recente reunião do Federal Reserve, divulgada à tarde, acabou sendo recebida quase como um não evento pelos investidores.

Alguns dirigentes do Fed enfatizaram ser crucial indicar que a linguagem utilizada no comunicado sobre a mais recente reunião não deve ser interpretada como sinal de que reduções nos juros são prováveis este ano – ou que novos aumentos nas taxas de juros tenham sido descartados. Segundo a ata, os participantes da reunião, em geral, expressaram incerteza quanto ao grau de aperto que pode ser ainda apropriado à política monetária dos Estados Unidos.

“A ata da reunião reforça a visão de que as decisões da autoridade monetária sobre a taxa de juros serão feitas de reunião em reunião, a depender da evolução dos dados de inflação, atividade econômica e mercado”, aponta Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research. “Como ainda há riscos altistas para a inflação, muitos participantes sinalizam a importância de deixar a opção de novas altas nos juros em aberto”, acrescenta o economista, observando que a taxa de juros americana deve permanecer no pico “por um bom tempo até que a inflação dê sinais de convergência para a meta de longo prazo, de 2% ao ano.”

Também no foco da atenção global nesta quarta-feira, o presidente da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, disse hoje que acredita “firmemente” na resolução da disputa, apesar da persistência de divergências com o governo democrata. Segundo ele, há chance de “progresso” nas negociações, ainda nesta quarta-feira. Mesmo com o voto de confiança dado pelo líder republicano, os índices de ações em Nova York buscaram mínimas da sessão, mas depois mostraram alguma acomodação, com perdas em torno de 0,8% no meio da tarde. No fechamento do dia, Dow Jones cedia 0,77%, S&P 500, 0,73%, e Nasdaq, 0,61%.

“O Ibovespa vinha em recuperação linear, olhando para os 110 mil pontos como uma área de descanso. A cautela externa se estende às commodities, a que nossa Bolsa tem grande exposição, com o minério em queda mais forte nas últimas sessões, refletindo incertezas sobre a demanda chinesa, além das questões sobre a dívida nos Estados Unidos. Assim, há uma realização de lucros natural, acompanhando o exterior, após o Ibovespa ter avançado mesmo quebrando a correlação com índices de fora – e agora há um ajuste, um realinhamento”, diz Rodrigo Ferreira, líder de alocação da Manchester Investimentos.

“Ambiente externo um pouco mais complicado com a aproximação da data-limite para evitar default nos Estados Unidos, e o Ibovespa emendando agora perdas, após ter vindo de uma sequência muito boa, em que chegou a registrar 10 altas em 11 pregões, devolvendo no momento um pouco desses ganhos. Mercado se mantém apreensivo enquanto não vem uma solução para o teto da dívida nos Estados Unidos, o que prevaleceu hoje na Bolsa, acima da aprovação do arcabouço fiscal na Câmara, em Brasília”, diz Wagner Varejão, especialista da Valor Investimentos.

Ainda assim, o Ibovespa pôde contar, como fator mitigador de perdas na sessão, com o bom desempenho das ações de Petrobras (ON +1,09%, PN +1,52%), embora um pouco defasado em relação ao avanço perto de 2% para os barris do Brent e do WTI nesta quarta-feira, após dados semanais que mostraram queda forte nos estoques dos Estados Unidos, divulgados ainda pela manhã.

Entre as ações e os setores de maior peso e liquidez na B3, as perdas entre os grandes bancos chegaram a 3,05% (Bradesco PN) no fechamento, em sessão também ruim para Vale (ON -2,27%) após novo tombo nos preços do minério na China (Dalian), hoje de 4,61%, agora abaixo de US$ 100 por tonelada, a US$ 96,97. Além de Vale, outros nomes do setor metálico sofreram na sessão, com destaque para CSN ON (-3,81%). Na ponta negativa do Ibovespa, CVC (-7,57%), Dexco (-6,40%) e BRF (-5,55%), com Petz (+2,74%), Méliuz (+2,38%) e BB Seguridade (+1,95%) no canto oposto.

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